terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O Poeta . Medo Sensorial


O MEDO SENSORIAL

O telefonema do advogado de Manuel Gonsalez chegou quando o Jorge , a mãe e o pai se preparavam para sair do apartamento dos amigos desaparecidos.

-”Está...Sr. Fidalgo? - é Carlos Fonseca, advogado dos Gonsalez. Estive com o engenheiro Manuel ...sim, estivemos juntos... lá, no seu atelier..
-”Ah sim..doutor, lembro-me perfeitamente.Mas, o que se passa com os nossos amigos? - perguntou solícito, fixando o olhar nos olhos ansiosos do seu filho e da esposa.
-"Antonio, é melhor falarmos pessoalmente,- sussurrou o advogado - “venha ter comigo ao Jardim da Estrela.
-"Está bem, doutor... Até já !

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O dia 26 de Janeiro desse ano, amanheceu frio com as nuvens num reboliço, negras e grávidas de gelo. O Poeta, nessa noite fez a maratona das horas fazendo escala em cada hora certa.

Estava preocupado, nervoso,com aquele “companheiro indesejável” que o tinha acompanhado nos ultimos tempos. Essa espécie de medo sensorial criando um mau-estar interior.

Aquela sensação de abandono solitário, persistia, mesmo depois de fazer os seus exercícios e orações matinais.

O telefone tocou... Levantou o auscultador; uma voz feminina, suavemente, soprou-lhe um texto sagrado vindo lá do princípio dos tempos.

1
¶ ...”: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu.
2
Quando passares pelas águas estarei contigo, e quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.


Levantou-se e sorriu, para enfrentar um dos maiores desafios da sua vida...
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