sábado, 11 de julho de 2009

O SEGREDO DO POETA - Capitulo II


(Continuação...)

Capitulo II


O SEGREDO DO POETA

No dia 7 em Outubro de 1967, o Jorge entrou na escola primária Pedro Oliva, na bela aldeia de Cerros Verdes. Solícito, preocupado, com medo do desconhecido, tinha terminado o tempo despreocupado sob a protecção da mãe.

Entrou no novo mundo das responsabilidades académicas, sociabilizando num ambiente novo, com comportamentos intermitentes entre o muito bom, o bom, e o “assim - assim”. Foi algumas vezes “apelidado” de “sabão rino”, sabão muito popular na época; pois, normalmente era dos primeiros da turma, enfim, era um excelente aluno ( permitam-lhe a vaidade retrospectiva).

A pequena Cari" iniciou os seus estudos, na escola de Reguenguinhos, MonReal - sede do concelho de Monte Xaraz. É uma região genuinamente bonita, com um requissimo património histórico: arquitectónico e paisagístico. O cante alentejano é uma constante naqueles campos livres de poluição. A gastronomia tão pura com a qualidade de quem colhe em cada horta, o melhor que a terra oferece graciosamente.

A vida continuava feliz, com os nossos amigos vivendo um tempo de aventuras na Herdade dos Cucos, com o fiel Flash, sempre presente nas correrias, entre os vinhais e o bosque misterioso... Entretanto, a vida da pequena Cármen estava prestes a ser revolucionada por um turbilhão de acontecimentos...

Numa tarde fria de Outono, o Jorge sentiu a primeira tristeza inundar o seu pequeno coração, quando ouviu uma conversa entre os pais.

- O nosso amigo, o engenheiro Manel, foi despedido - sussurrou o pai.

- Oh António, que injustiça,...ele foi sempre tão profissional: é verdade que tem umas ideias diferentes, mas... - disse entre dentes, a mãe do Jorge.

O nosso amigo tentava entender o que ouvia - sentia, lá no fundo do seu coração, que algo não estava bem.

- E agora, o que vai acontecer? - A Maria Alice, a Cari... - continuava a mãe, olhando para o marido.

- O que eu sei é que ele não volta mais a Calipole para trabalhar na firma - lamentou o António.

- E não sabes a "melhor" - continuou: A Maria Alice com a filha, a Cari, já saíram pra Lisboa, a noite passada...

Um silêncio ensurdecedor perpassou na sala, fazendo arrepiar a pele, o coração e a alma do nosso pequeno herói. Na sua cabeça, não parava de reclamar:

- Não é justo, isto não pode ser verdade! A Cari, foi embora e nem um beijo de despedida? - Sentia que tinha sido abandonado, traído e amaldiçoado...

O Poeta da floresta, onde o tempo não passa, e a memória viaja no tempo, sentou-se debaixo do Freixo, - árvore fresca e linda, onde moram as aves mais bonitas do Alentejo. Mas, nesse dia, o silêncio imperou; até as águas do riacho da alegria, deixaram de cantar nos seixos, onde as crianças, durante os primeiros anos da sua existência, viveram a magia ingénua e pura de quem sonha a vida...


Continua...


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6 comentários:

  1. Bom dia querido Pj :)
    Que foto espectacular! Adorei!
    Adoro a natureza e os cenários lindos que ela proporciona.
    Esse momento entre Pai e Filho (será?)foi muito bem captado!
    Um bom Domingo com muito carinho, paz e alegria no coração doce do Poeta.
    Beijinhos carinhosos.

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  2. BOm dia, querida Pipinha,

    Sim a foto de pai e filho é linda, revestida di amor incondicional...

    Uma segunda feira excelente cheia de carinhosos mimos de mta amizade!

    Beijinhos


    Pj

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  3. Querido Amigo

    Este novo blogue é deveras cativante, pq as historias podem ser ficção ou fruto de realidades mais antigas ou um dia actuais, a certeza que me prendem e fazem votar para saciar o apetite isso é um facto.

    Um abraço e escreva mais e mais e mais!

    Xis e beijinhos da comadre amiga

    Luisa

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  4. Luisa:

    Querida Comadre,

    As histórias começam na realidade de vidas vividas:) - neste caso no Alentejo, tão amado por quem lá viveu...

    A sua presença é imprescindível neste lugar de histórias de vida:)

    Beijinhos do "Cumpadri"

    Pj

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  5. Querido Pj,
    Acabei de ler este pedaço da história com um lágrimazita no canto olho... emocionei-me pois...

    "Mas, nesse dia, o silêncio imperou; até as águas do riacho da alegria, deixaram de cantar nos seixos, onde as crianças, durante seis anos, viveram a magia ingénua e pura de quem sonha a vida..."

    Essa magia é linda.
    E, com certeza, foi aí o começo de uma linda história de amor...
    Estou desejosa de ler o resto... Espero ansiosamente.
    Parabéns! Este "sinceramente escrevinhando" promete!
    Beijinhos carinhosos.

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  6. Querida Pipinha,

    É como dizes: A magia é linda, quando sonhadana ingenuidade dos corações puros, qual crianças sonhando a vida:)

    Obrigado pela "força"

    beijinhos

    Pj

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